Ela, pessoa reservada e de pouco contato social, tinha suas próprias tradições: gostava de oferecer para algumas visitas, quando as recebia, café. Apenas o café, nada mais. Como não costumava comer entre as refeições, raramente tinha algum petisco ou algo a oferecer além do café. Não gostava de adoçar as coisas, então havia dias em que simplesmente não tinha açúcar ou adoçante para disponibilizar às visitas. Quando pediam algo para adoçar a bebida, ficava confusa: como podiam estragar tal sabor? Ficava sem graça se pedissem por algo a mais que ela não tinha para ofertar naquele momento. Para ela, o café expresso era o melhor item que poderia oferecer para alguém. E ela escolhia cuidadosamente que café ofereceria para cada pessoa, buscando dialogar sempre gosto, com personalidade e intensidade. Para ela, o café, preto e intenso representava a vida em sua força e capacidade de proporcionar grandes prazeres, apesar das queimaduras na boca. Havia muito mais significado em oferecer uma xícara de café amargo, pensava, do que supunham os romantismos baratos e as tolas regras de etiqueta social.
*Amor expresso é nome do livro da autora Adriana Aneli, publicado pela editora Scenarium. O livro consiste em 50 mini-contos que tem o café como tema.
Gostei da ideia, do texto e do aroma destilado. Habemus café. rs
Bacio
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Quando nos vermos, te ofereço um pouco de café amargo 😉
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E proprio,o cotidiano,excelente,parabens,Adriana Elisa.
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